"O homem é tão bom quanto seu desenvolvimento tecnológico o permite ser."

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Semana passada, na coluna “Usando dois monitores” falamos nas vantagens de conectar um segundo monitor ao seu computador e prometemos explicar o que é necessário para fazê-lo. Evidentemente a primeira providência é conseguir o segundo monitor (e, muitas vezes, a única, como já veremos). De preferência igual ao primeiro, mas não obrigatoriamente. Por exemplo: se você substituiu recentemente seu velho monitor de tubo de imagem por um moderno LCD ou LED e não se desfez do antigo, já tem dois monitores e pode usá-los para trabalhar com ambos, nem que seja apenas para experimentar e ver se vale a pena investir na compra de outro monitor moderno. É claro que não vai ficar uma maravilha, mas pelo menos dará para sentir o gostinho de como é trabalhar com a Área de Trabalho estendida e decidir se vale ou não a pena investir sua grana suada neste tópico.
O ideal é que ajustar a resolução do segundo monitor igual à do primeiro, mas isto não é obrigatório. Embora não seja muito confortável, dá para usar resoluções diferentes. E os conectores onde se ligam os cabos na traseira dos monitores também não precisam ser iguais, como logo veremos. Portanto, se você já tem os dois monitores, tem meio caminho andado. Pode usá-los, mesmo que sejam diferentes. Mas a situação ideal é usar dois monitores de mesmo tamanho, mesma resolução e, se possível, mesmo modelo.
Resolvida a questão do monitor, resta ver como e onde conectá-lo.
Para começar, dê uma espiada na parte traseira de seu micro e observe onde seu monitor atual está ligado.
Para quem quer adicionar um monitor, o pior caso é aquele em que a placa-mãe (o principal circuito do computador, onde se aloja o microprocessador) é do tipo “tudo na placa” (“all onboard”). Estas placas foram concebidas inicialmente para uso em computadores móveis (“notebooks”) e só posteriormente adotadas para micros de mesa (“desktops”), principalmente os de custo mais acessível. Elas se caracterizam por trazerem, na própria placa-mãe, os controladores da maioria dos dispositivos de entrada/saída. Inclusive o do vídeo.

Conectores da Placa-mãe
Figura 1: Conectores da placa-mãe
Como saber se este é o caso de sua placa? Fácil: neste tipo de placa o cabo do vídeo está ligado a um conector que integra o conjunto dos conectores da própria placa-mãe, situado na traseira do gabinete, perto da fonte de alimentação. Se você é do tipo que olha para a parte de trás do computador, acha que aquela é uma pequena amostra do caos e não faz ideia do que sejam todos aqueles cabos, ainda assim será fácil identificar o conjunto dos conectores da placa-mãe: basta seguir o cabo do teclado. Ou procurar aquele pequeno conector redondo e verde que aparece no alto e à esquerda da Figura 1. Ali estão os demais conectores dos componentes controlados pela placa-mãe, mostrados na figura.

Pronto. Agora que achou o conjunto dos conectores de sua placa-mãe, resta ver se entre eles se encontra o do vídeo e se seu vídeo está ligado a ele, o que só acontece nos sistemas tipo “tudo na placa”, como o do conjunto mostrado na Figura 1. O conector de vídeo é aquele azul (raramente de outra cor) com quinze orifícios distribuídos em duas linhas paralelas. Por isso os técnicos chamam-no de “conector DB-15 fêmea” (“DB” porque é o código usado para este tipo de conector, “15” porque tem 15 contatos e “fêmea” porque tem orifícios em vez de pinos – e não creio ser preciso explicar a razão deste último pormenor) e os não tão técnicos se referem a ele como “conector VGA”, aludindo ao padrão de vídeo para o qual foi criado. Pois bem: procure o cabo que sai de seu vídeo (não o que vai para a tomada de energia; o outro), siga-o e veja se ele está ligado a um conector situado no conjunto dos conectores da placa-mãe (que geralmente é do tipo DB-15 mas em alguns casos pode ser do tipo DVI que aprenderemos a reconhecer adiante). Caso positivo, sua placa é do tipo “tudo na placa” (“all onboard”) e para ligar seu segundo monitor você precisará comprar uma controladora de vídeo (adiante voltaremos a este ponto).
Se não, o cabo de vídeo estará ligado a outro conector situado também na parte traseira do micro, porém não no grupo de conectores da placa-mãe. Ele certamente estará conectado a uma controladora (ou “placa”) de vídeo.
Bem, aqui cabe uma pausa para esclarecer um detalhe. Porque “controladora de vídeo” é um tema tão extenso que pode-se escrever livros inteiros sobre ele (recentemente eu escrevi alhures uma série de três longas colunas apenas sobre um determinado modelo de controladora recém-lançada no mercado). Há controladoras de todos os tipos, desde as mais singelas, que custam algumas dezenas de reais e quase caíram em desuso com o advento das placas-mãe “tudo na placa”, até modelos sofisticadíssimos que custam centenas (eventualmente, muitas centenas) de reais devido a seu extraordinário poder de processamento de imagens.
Pois bem: aqui nos interessa apenas a possibilidade da placa aceitar ou não mais de um monitor. Portanto, esqueça tudo o que tem a ver com capacidade de processamento, aceleração gráfica, tridimensionalidade, o diabo. E nem se aflija imaginando que talvez tenha que abrir o gabinete do micro para inspecionar os circuitos. Não será preciso. Basta olhar a parte traseira e examinar o “espelho”, a peça metálica da extremidade da placa de circuitos, onde ficam os conectores, e identificá-los. Tarefa ao alcance de qualquer leigo.
Mas para identificar o conector (ou os conectores) da controladora de vídeo é preciso antes saber reconhecê-los.
conectores de vídeo
Figura 2: conectores de vídeo
A controladora de vídeo é ligada ao monitor por meio de um cabo com conectores em ambas as extremidades. Cada um deles encaixa em seu par, um no espelho da controladora, outro no monitor. Para conhecer os diversos tipos de conectores, examinemos os situados nas extremidades dos cabos, que são mais fáceis de manipular e estão mostrados na Figura 2.
Como se vê, há diversos tipos, cada um deles correspondente a um “padrão de vídeo” (uma forma padronizada de transmitir sinais entre a controladora de vídeo e o monitor). É claro que há diferenças entre os padrões, porém para o fim que temos em mente a maioria delas não nos interessa. A única que importa é o “fator de forma”, ou seja, tamanho e características físicas dos conectores. Veja-os na Figura 2, que respeita aproximadamente a proporção de suas reais dimensões. Os três da linha superior são machos, o que significa que seus pares, onde irão se encaixar na controladora de vídeo e no monitor, são fêmeas. Com os da linha inferior ocorre o oposto. Examinemos cada um deles.
O conector do canto superior esquerdo da Figura 2 raramente aparece nas controladoras modernas. É conhecido como “S-Video” (de “Separate Video”) e era usado principalmente para jogos, quando se conectava a controladora de vídeo a uma TV daquelas antigas, de tubo de imagem. Você dificilmente o usará já que a qualidade da imagem exibida nas TVs (exceto as modernas, de alta definição) é muito ruim e mal dá para distinguir os caracteres.
O seguinte é nosso conhecido DB-15 ou VGA. Era o principal – praticamente o único – até há alguns anos, antes da era dos monitores digitais. Transmite um sinal analógico que, entretanto, dependendo da qualidade da controladora, pode ser perfeitamente satisfatório.
O próximo, no canto superior direito, é um conector DVI. Seu nome deriva de “Digital Visual Interface” e foi concebido para substituir o DB-15 na era do vídeo digital. Ultimamente é o mais comum e pode transmitir uma imagem de excelente qualidade. Dificilmente você encontrará uma controladora de vídeo moderna sem ele.
Os três da linha de baixo correspondem apenas a dois padrões. O da esquerda, ao novo padrão HDMI (de “High Definition Multimidia Interface”) concebido para transportar sinais de vídeo e áudio para os novos dispositivos digitais multimídia, inclusive as TVs de alta definição. Tem sido usado em uma infinidade de dispositivos, desde monitores até reprodutores de DVD, consoles de videogames, projetores digitais, o diabo. É encontrado nas controladoras de vídeo de boa qualidade.
Os dois últimos, no centro e à direita da linha inferior, correspondem ambos ao padrão DP (“Display Port”) e diferem apenas no tamanho. Foram desenvolvidos pela Associação de Padrões da Eletrônica de Vídeo (VESA, em inglês) especialmente para conectar computadores a seus monitores ou sistemas do tipo “home theater” (por isso também transportam sinais de áudio). O do centro é o conector DP normal, o da direita é o do tipo “mini DP”. Aparecem nas placas modernas de alto padrão de qualidade.
Pronto. Agora que sabemos reconhecer os diversos tipos de conectores, poderemos examinar o espelho da controladora de vídeo na parte traseira do gabinete para verificar o tipo e o número de conectores disponíveis.

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