"O homem é tão bom quanto seu desenvolvimento tecnológico o permite ser."

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Comecei a usar dois monitores ainda nos tempos de Windows 95. Na época, publiquei algumas colunas sobre o assunto. Hoje, relendo-as, vejo como a coisa era complicada. Eram necessárias duas controladoras (“placas”) de vídeo, uma para cada monitor. Uma delas tinha que ser ajustada como “primária” e a outra como “secundária” e eram poucas as controladoras que suportavam a função. Depois, todo o sistema tinha que ser configurado, o que também não era tarefa isenta de atribulações. Enfim: dava um trabalho medonho. Sem mencionar o fato de que, naqueles dias, usava-se os velhos monitores de tubo de imagem que, apesar de serem um trambolho e produzirem uma imagem de qualidade pífia, eram, proporcionalmente, muito mais caros que os novos monitores de LEDs ou LCD.  Mas valia a pena.
Hoje, tudo é muito mais fácil. A maioria das boas controladoras de vídeo já dispõe de mais de uma saída e sequer precisam ser configuradas para suportar mais de um monitor. Até os micros portáteis (“notebooks” e “netbooks”) vêm com uma saída de vídeo onde pode ser conectado um monitor adicional. As versões mais novas de Windows “percebem” quando há mais de um monitor conectado e permitem facilmente configurar o sistema para estender a Área de Trabalho para todos eles. E hoje, nas boas casas do ramo, compra-se um monitor LCD de 19” por menos de trezentos reais. Resultado: conectar um segundo monitor ao computador ficou tão fácil que o que me surpreende é que tão poucos usuários o façam.
Como? Você não entende por que cargas d’água haveria de precisar de dois monitores se usa apenas um e acha que é suficiente?
Bem, precisar, mesmo, não precisa. Suficiente, não resta dúvida que um único monitor é. Assim como um velho fusca é suficiente para transportá-lo de um lado para o outro. Mas um carro novo, com ar refrigerado e direção hidráulica também o transporta, e com muito mais conforto. E, mal comparando, a diferença é basicamente a mesma: as tarefas serão igualmente cumpridas, mas com dois monitores o nível de conforto e facilidade de trabalho aumenta exponencialmente.
Dois monitores
Figura 1: dois monitores
Acha que não? Pois vou lhe dar um exemplo. Veja, na Figura 1, uma foto dos monitores que uso em minha máquina auxiliar (estranhou o sistema operacional? Bem, é que volta e meia preciso recorrer ao Windows XP seja para verificar certos comportamentos de aplicativos ou responder perguntas de leitores, por isso mantenho ainda um sistema rodando versões antigas de Windows, Office e outros aplicativos; mas uso Windows 7 na máquina de trabalho).

Repare no conteúdo dos monitores. No da esquerda, um texto no Word 2003 em tela cheia. E olhe que quando digo “tela cheia” é cheia mesmo: o texto a preenche inteiramente. Fora dele, só as réguas do programa e molduras da janela. Não há uma única barra de ferramentas, nada que divida o espaço com o texto, que reina soberano em seu próprio monitor. Todas as barras de ferramentas (e, se eu quisesse, até a fina barra de menus) estão no outo monitor, o da direita. Sem ocupar espaço na janela do programa, sem distrair minha atenção, porém sempre à mão, ao alcance de um clique. Basta deslizar o ponteiro do mause até elas e clicar no ícone desejado.
Repare que no monitor da direita, por detrás das barras de ferramentas do Office, aparece um programa navegador mostrando a Wikipedia. Um clique ali muda o “foco” do sistema e as barras de ferramentas do Office desaparecem, deixando a tela da direita livre delas. E quando se edita um texto (especialmente se o conteúdo for de natureza técnica) nada melhor que manter aberto um programa navegador para consultas ao lado da janela do editor de textos. Uma dúvida? Basta clicar no outro monitor, entrar com o termo desejado, fazer a consulta e, resolvido o problema, voltar ao editor. E se for preciso fazer uma citação, manter ambas as janelas abertas com os dois textos visíveis ajuda um bocado.
Este foi apenas um exemplo. Darei outros, mas antes convém fazer algumas observações que poderão esclarecer dúvidas de quem não costuma usar dois monitores.
Como disse há pouco, Windows permite “estender a Área de Trabalho” para dois (ou mais) monitores. Isto quer dizer que, pondo um monitor ao lado do outro, como na Figura 1, as telas de ambos se comportam como se fossem um espaço contínuo. Mova o mause e ele passa de uma para outra como se não houvesse qualquer hiato entre elas (e, se depois de instalar o segundo monitor, você se deu conta que ele se comporta como se estivesse à direita do outro quando de fato está à esquerda ou vice-versa, basta pô-lo no devido lugar; veremos como adiante). Arraste a borda de uma janela que se abre em um monitor e continue arrastando até o outro e veja a janela aboletar-se em ambos. Porém, se você acionar o ícone de “tela cheia”, o programa preencherá a tela de um único monitor – permitindo assim que você abra um segundo programa, também em tela cheia, no outro monitor, como na Figura 1. Em suma: fora uma ou outra exceção (há programas que só funcionam no “monitor principal”, mas são raríssimos), usar dois monitores é equivalente a usar um só, com o dobro da largura (ou da altura, se você preferir colocar um sobre o outro, o que também é aceito pelo sistema).
E o que mais se pode fazer com eles? Bem, as possibilidades são inesgotáveis. Além de trabalhar com dois programas abertos simultaneamente, você pode abrir duas janelas do Windows Explorer, uma em cada monitor, para comparar o conteúdo de pastas, deslocar as barras de ferramentas de um programa para o outro monitor (a maioria dos programas que usam barras de ferramentas o permitem, o que é especialmente útil para editores gráficos, onde a imagem ocupará um monitor e as barras de ferramentas repousarão no outro), trabalhar com um programa de edição de textos em um monitor e um de edição de imagens no outro para criar ilustrações, abrir o programa principal com que está trabalhando – seja ele qual for – em uma tela e diversos programas auxiliares, como dicionários, conversores de unidades e exibidores de vídeo e áudio (“media players”) em janelas no segundo monitor e mais tudo o que sua imaginação e criatividade mandarem.
Mas uma coisa é certa: depois que você se acostumar com dois, dificilmente voltará a trabalhar com um só monitor.
Então, como fazer para usufruir de tais delícias?

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